Ictiofauna
A implantação de empreendimentos hidrelétricos requer o represamento da água e a formação de lagos, os quais são comumente chamados de reservatórios. Como consequência, parte do curso natural do leito dos rios é alterada, o que causa mudanças na dinâmica do fluxo da água (ambiente lótico para lêntico). Essas alterações podem afetar a comunidade aquática, modificando sua composição e favorecendo algumas espécies em detrimento de outras.
Além disso, ao longo da operação desses empreendimentos, algumas situações específicas podem colocar em risco a fauna de peixes, ocasionando, por exemplo, seu aprisionamento em determinados locais devido às oscilações do nível da água no reservatório ou confinamento nas máquinas durante procedimentos de manutenção das usinas.
Para minimizar todos os impactos possíveis sobre a ictiofauna, a Copel desenvolve diversos programas que compreendem o resgate de peixes durante a fase de construção de barragens e durante a operação das hidrelétricas, o monitoramento periódico da ictiofauna nos seus reservatórios e ações voltadas à pesquisa, reprodução e soltura de peixes.
Resgate e Monitoramento de Ictiofauna
Comprometida com a conservação da biodiversidade, a Copel realiza diversas atividades voltadas ao monitoramento e ao resgate de peixes, visando evitar, minimizar e compensar o impacto na ictiofauna (fauna de peixes) existente nos reservatórios e rios sob sua responsabilidade.
As primeiras ações de monitoramento foram iniciadas ainda em 1993 e, desde então, a atuação da Companhia permitiu o levantamento de espécies diversas e consolida-se como importante ferramenta no mapeamento da riqueza de espécies de ictiofauna nas áreas monitoradas, incluindo a identificação de espécies ameaçadas de extinção.
As atividades da Copel de monitoramento da ictiofauna identificaram algumas espécies ameaçadas que ocorrem nas áreas de influência dos empreendimentos da Companhia. No total, somando-se as espécies ameaçadas registradas em todos os empreendimentos monitorados, foram contabilizadas 11 espécies presentes em pelo menos uma das listas de fauna ameaçada de extinção, sendo cinco para a UHE Colíder e seis para as usinas do Paraná (ver tabela).
De acordo com a lista nacional do Ministério do Meio Ambiente (MMA), dessas 11 espécies, duas estão na categoria Criticamente em Perigo (CR), duas estão Em Perigo (EN) e duas estão na categoria Vulnerável (VU). Já em relação à lista internacional da IUCN, apenas uma dessas espécies é classificada como Criticamente em Perigo (CR), duas como Em Perigo (EN), uma como Vulnerável e sete são classificadas como Pouco Preocupante (LC).
Lista de espécies ameaçadas de extinção por bacia hidrográfica onde a Copel atua e por empreendimento monitorado.
Bacias Hidrográficas | Empreendimentos | Espécies | Categoria de ameaça | ||
Lista Vermelha MMA – 2022 | IUCN – 2023 | CITES – 2023 | |||
Atlântico Sul | UHE GNA | Brycon orbignyanus* | CR | EN | NC |
Iguaçu | UHE CIM | Steindachneridion melanodermatum | EN | EN | NC |
UHE DRJ | Steindachneridion melanodermatum | EN | EN | NC | |
Astyanax jordanensis | NC | LC | NC | ||
Cnesterodon omorgmatos | CR | CR | NC | ||
UHE GBM | Astyanax gymnogenys | NC | LC | NC | |
UHE GJR | Astyanax gymnogenys | NC | LC | NC | |
Steindachneridion melanodermatum | EN | EN | NC | ||
UHE GNB | Astyanax gymnogenys | NC | LC | NC | |
Steindachneridion melanodermatum | EN | EN | NC | ||
Brycon orbignyanus* | CR | EN | NC | ||
Tibagi | UHE APC | Brycon orbignyanus | CR | EN | NC |
UTE FRA | Brycon nattereri | NC | LC | NC | |
Teles pires | UHE CLR | Brachyplatystoma filamentosum | NC | LC | NC |
Teleocichla prionogenys | VU | LC | NC | ||
Harttia dissidens | VU | VU | NC | ||
Rhinopetitia potamorhachia | EN | LC | NC | ||
Hoplias aimara | NC | LC | NC |
NC – não consta; EN – em perigo; VU – vulnerável; CR – criticamente em perigo; LC – pouco preocupante; * – espécie exótica à bacia hidrográfica.
A identificação de espécies ameaçadas é uma importante ferramenta para a conservação de biodiversidade e permite direcionar esforços para a realização de ações mais específicas e direcionadas, como as realizadas na Estação Experimental de Estudos Ictiológicos da Copel GeT, por meio das ações de reprodução e repovoamento.
O levantamento de espécies de peixes nos reservatórios onde a Copel atua é realizado por meio do Programa de Monitoramento de Ictiofauna. As ações de monitoramento são realizadas em 18 reservatórios, atualmente distribuídos em quatro bacias hidrográficas do Estado do Paraná e uma no Estado de Mato Grosso.
As equipes da Copel GeT realizam resgates de peixes durante a implantação e operação de suas usinas hidrelétricas. Certas atividades desses empreendimentos podem causar o aprisionamento de peixes em locais inapropriados, colocando-os em situação de risco.
Para evitar impactos às comunidades de peixes, os técnicos e biólogos da Copel acompanham estas atividades de manutenção, resgatando os peixes que, porventura, fiquem aprisionados e liberando-os em área segura, dentro de seus limites ambientais.
Cada evento de resgate é uma atividade de risco, envolvendo técnicos e equipamentos especializados. As boas práticas de resgate de ictiofauna na Copel refletem-se na excelente taxa de sucesso das ações: em média mais de 98% dos peixes são resgatados vivos e devolvidos à natureza.
A riqueza de espécies se refere ao número de espécies que ocorrem em um espaço geográfico determinado. No caso da Copel, são as espécies que ocorrem na área de influência dos empreendimentos sob sua concessão, especificamente em hidrelétricas e em uma termoelétrica.
Atualmente estão registradas 235 espécies nas áreas de atuação da Companhia nas bacias hidrográficas do Estado do Paraná e 302 espécies na área de influência da UHE Colíder no Estado de Mato Grosso.
Riqueza de espécies de peixes por bacia hidrográfica onde a Copel atua e por empreendimento monitorado entre os anos de 2002 a 2020.
Bacias Hidrográficas | Período de monitoramento | Empreendimentos | Nº de espécies |
Atlântico Sul | 2002 – 2020 | PCH CHE | 53 |
PCH GNA | 46 | ||
UHE GPS | 64 | ||
Iguaçu | 2002 – 2020 | PCH CAV/CAS | 37 |
PCH CIM | 49 | ||
PCH DRJ | 44 | ||
UHE GBM | 74 | ||
UHE GJR | 83 | ||
UHE GNB | 105 | ||
PCH SVU | 33 | ||
Tibagi | 2002 – 2020 | PCH APC | 52 |
UHE GJC | 83 | ||
PCH PGI | 40 | ||
PCH SJR | 60 | ||
UTE FRA | 76 | ||
B. Piquiri | 2002 – 2020 | PCH MEL | 55 |
Teles pires | 2011 – 2020 | UHE CLR | 302 |
Abaixo estão alguns exemplos de espécies registradas no monitoramento.
Reprodução e Repovoamento de Peixes
Previstas como ações de compensação ambiental em prol da biodiversidade, as atividades de reprodução e repovoamento de peixes foram iniciadas no âmbito do licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga, conhecida à época como Usina de Segredo.
As ações de repovoamento desenvolvidas pela Copel têm caráter de mitigação e compensação ambiental, uma vez que os peixes criados na Estação Experimental de Estudos Ictiológicos (EEEI) não apresentam interesse comercial, mas sim voltados à conservação de espécies nativas.